Fronteira 51

A cidade e o segredo guardado desde 1992

CABANA ANTIGA NO FUNDO DO BOSQUE

O ano era 2025. A pequena cidade de Serra do Luar vivia cercada por lendas antigas, histórias que se espalhavam de geração em geração, mas que nunca eram ditas em voz alta pelos adultos. No coração da cidade, existia um silêncio pesado sempre que alguém se atrevia a mencionar a cabana abandonada no bosque, um lugar que parecia estar cercado por uma sombra invisível.

As crianças ouviam os sussurros dos mais velhos, histórias sobre desaparecimentos, pactos secretos e estranhos acontecimentos ocorridos em 1992. Quem viveu naquela época evitava passar perto do bosque, e os pais faziam de tudo para impedir que os jovens se aventurassem por lá. Era como se o lugar fosse um território proibido, guardado não apenas pelo medo, mas por algo muito mais profundo.

Apesar das advertências, todo mistério exercia uma força irresistível sobre os mais novos. Afinal, quanto mais os adultos tentavam esconder, mais curiosidade nascia entre os adolescentes. E era justamente essa curiosidade que uniria um grupo de cinco amigos em uma das histórias mais estranhas que a cidade já havia presenciado.

Os seis personagens centrais

. Clara Martins, 11 anos: a menina mais nova da turma, que adorava escrever em seu diário e tinha um talento especial para notar detalhes que os outros ignoravam. Era doce, sonhadora e cheia de perguntas.

. Helena Martins, 15 anos: irmã mais velha de Clara. Inteligente, determinada e um pouco teimosa, Helena tinha o espírito de liderança, mas também carregava um forte instinto protetor em relação à irmã.

. Mateus Duarte, 16 anos: o mais velho do grupo de amigos. Gostava de tecnologia, vivia com um notebook nas mãos e acreditava que tudo podia ser explicado pela ciência. Apesar da postura racional, guardava medos que não admitia.

. Lucas Andrade, 14 anos: extrovertido, brincalhão, sempre tentava transformar os momentos tensos em risadas. Tinha coragem, mas muitas vezes agia sem pensar.

. Gabriel Lima, 15 anos: quieto, observador e apaixonado por história. Adorava investigar o passado da cidade e colecionava recortes de jornal. Muitas vezes era ele quem trazia informações que ninguém mais conhecia.

Esses cinco amigos formavam um grupo inseparável. Passavam as tardes juntos, explorando cada canto de Serra do Luar. Mas tudo mudaria no dia em que Clara desapareceu misteriosamente

SELF DE AMIGOS

O desaparecimento

Era uma manhã comum de verão quando a cidade inteira entrou em alvoroço. Clara, que tinha saído cedo para brincar perto da pracinha, simplesmente não voltou para casa. Helena foi a primeira a perceber a ausência da irmã. Quando deu meio-dia e Clara não aparecia, a preocupação tomou conta da família.

Os pais, Marina e Roberto Martins, entraram em desespero. Procuraram pela vizinhança, chamaram os amigos, espalharam fotos e logo acionaram a polícia local. Em poucas horas, toda a cidade estava mobilizada.

O delegado Augusto Ferraz, homem experiente, foi chamado para liderar as buscas. Embora fosse cético quanto a lendas, não podia ignorar o clima pesado que pairava sobre a cidade. Muitos moradores murmuravam entre si, dizendo que “isso já tinha acontecido antes” e que “a cabana tinha despertado novamente”.

No mesmo dia, surgiram boatos de que alguém tinha visto Clara caminhando em direção ao bosque. Nenhum adulto quis confirmar. Nenhum deles ousaria entrar lá.

O pacto silencioso da cidade

Helena, desesperada, não entendia por que ninguém se arriscava a procurar no bosque. Alguns vizinhos, como a senhora Lídia Carvalho, uma idosa que morava na rua de trás, chegaram a chorar ao ouvir sobre o desaparecimento. Mas quando Helena perguntou se ela sabia de algo, a mulher apenas murmurou:
Esse lugar não deve ser tocado… não depois do que aconteceu em noventa e dois.

Essas palavras deixaram Helena intrigada. Por que ninguém falava abertamente? O que havia de tão perigoso naquela cabana?

Enquanto os adultos evitavam o assunto, os amigos de Helena começaram a se reunir às escondidas. Mateus trouxe antigos recortes de jornal que falavam de desaparecimentos não solucionados no início da década de 90. Gabriel lembrava de histórias que seu avô lhe contava sobre noites em que luzes estranhas foram vistas no bosque.

Todos sabiam que, se quisessem respostas, teriam que procurar sozinhos.

Helena, desesperada, não entendia por que ninguém se arriscava a procurar no bosque. Alguns vizinhos, como a senhora Lídia Carvalho, uma idosa que morava na rua de trás, chegaram a chorar ao ouvir sobre o desaparecimento. Mas quando Helena perguntou se ela sabia de algo, a mulher apenas murmurou:
Esse lugar não deve ser tocado… não depois do que aconteceu em noventa e dois.

Essas palavras deixaram Helena intrigada. Por que ninguém falava abertamente? O que havia de tão perigoso naquela cabana?

Enquanto os adultos evitavam o assunto, os amigos de Helena começaram a se reunir às escondidas. Mateus trouxe antigos recortes de jornal que falavam de desaparecimentos não solucionados no início da década de 90. Gabriel lembrava de histórias que seu avô lhe contava sobre noites em que luzes estranhas foram vistas no bosque.

Todos sabiam que, se quisessem respostas, teriam que procurar sozinhos.

As quatro cartas misteriosas

No segundo dia após o desaparecimento, algo ainda mais estranho aconteceu. Cada um dos cinco amigos recebeu uma carta anônima. Não havia remetente. O envelope era antigo, com bordas amareladas, como se tivesse atravessado décadas.

Quando se encontraram na casa de Helena para abrir juntos, perceberam que havia uma condição estranha:

  • As cartas só poderiam ser abertas no mesmo dia e no mesmo horário.

  • E cada carta só poderia ser aberta por uma pessoa diferente.

O detalhe mais perturbador era que, juntas, as cartas pareciam formar um enigma.

Helena sentiu um frio na espinha. Era como se alguém estivesse guiando cada passo deles. Mas quem? E por quê?

As buscas oficiais

A cidade de Serra do Luar amanheceu silenciosa no terceiro dia após o desaparecimento de Clara. As ruas estavam vazias, mas era possível sentir a tensão em cada esquina. A polícia organizou uma busca mais ampla, com voluntários espalhados pelos arredores.

O delegado Augusto Ferraz coordenava as operações, mas por mais que tentassem, ninguém se aproximava do bosque. Os policiais fingiam que vasculhavam a região, mas Helena percebeu que todos paravam antes da linha de árvores, como se houvesse uma barreira invisível.

— Vocês não vão procurar lá? — Helena perguntou com a voz firme.
— O bosque é grande demais, e não há indícios de que Clara tenha ido nessa direção — respondeu o delegado, desviando o olhar.

Mas Helena não se convenceu. Ela sabia que estavam escondendo alguma coisa.

A resistência dos adultos

EXPLICAÇÕES

Naquela mesma noite, Helena discutiu com os pais.
Ninguém está procurando a Clara direito! — gritou ela. — Vocês não percebem que estão todos com medo do bosque?
Marina, a mãe, chorava sem parar. Roberto, o pai, mantinha-se calado, mas seus olhos denunciavam o pavor.

— Você não entende, Helena — disse ele por fim. — Há coisas que não podem ser mexidas. O bosque… a cabana… nada de bom vem de lá.

Helena ficou em choque. Aquilo era a primeira vez que seus pais falavam tão diretamente sobre o lugar proibido. Mas, em vez de explicarem, simplesmente pediram que ela prometesse nunca ir até lá.

Claro que Helena não prometeu.

As lembranças da cidade

Enquanto isso, os amigos reuniam informações. Gabriel foi atrás do avô, Seu Ernesto, um dos poucos sobreviventes da década de 90 que ainda se lembrava bem do passado.

— Vovô, o que aconteceu em 1992? — perguntou ele, com o coração acelerado.

O velho ficou em silêncio por longos minutos, encarando o neto com olhos marejados. Depois, disse apenas:
— Três crianças sumiram naquela época. Ninguém nunca mais as viu. As famílias foram obrigadas a ficar em silêncio. Quem tentou investigar… sofreu consequências.

Gabriel quis perguntar mais, mas Seu Ernesto se levantou, fez o sinal da cruz e encerrou a conversa.

As cartas e o medo crescente

Enquanto os adultos se fechavam em um pacto de silêncio, os cinco amigos estavam decididos a seguir com o plano: abrir as cartas.

O mais estranho era que, apesar de terem sido entregues separadamente, os envelopes eram idênticos. O papel, amarelado e frágil, parecia vir de outra época. As letras no endereço estavam escritas à mão, com uma caligrafia impecável, mas antiga.

No interior de cada envelope havia apenas uma frase, escrita em tinta preta. Mas havia instruções claras:

  1. Abrir todas as cartas ao mesmo tempo.

  2. Cada carta só pode ser lida pelo destinatário.

  3. O horário deve ser exatamente 20h07.

Mateus, o mais racional, tentou rir da situação.
— Isso deve ser uma brincadeira de mau gosto. Talvez alguém queira nos assustar.

Mas ninguém acreditou de verdade nessa explicação.

A noite marcada

No dia marcado, eles se reuniram no quarto de Helena. O relógio marcava 20h05. O silêncio era sufocante. Cada um segurava seu envelope com mãos trêmulas.

Às 20h07 em ponto, abriram.

  • Carta de Helena: “O sangue da família guardará a passagem.”

  • Carta de Mateus: “A lógica não salvará, apenas o risco.”

  • Carta de Lucas: “O riso deve ser silêncio diante do portal.”

  • Carta de Gabriel: “A história está escrita nas cinzas de noventa e dois.”

  • Carta de Clara: não estava entre eles, mas todos sabiam que deveria existir.

O impacto foi imediato. Como alguém poderia saber que Clara desapareceria? Como aquelas cartas chegaram a eles?

Helena ficou gelada. A frase da sua carta parecia indicar que a ligação com a irmã não era coincidência, mas destino.

A cidade em ebulição

Enquanto isso, na cidade, os rumores cresciam. Alguns diziam que Clara havia fugido. Outros juravam ter visto luzes estranhas no bosque na noite de seu desaparecimento. Os mais velhos evitavam falar, mas os olhares denunciavam que sabiam mais do que contavam.

O prefeito Antônio Vasques pressionava o delegado Ferraz a dar uma resposta rápida. A cidade vivia do turismo rural, e um desaparecimento misterioso poderia destruir a imagem de tranquilidade que tentavam vender.

Mas o delegado sabia: esse caso não era comum.

O primeiro passo rumo à cabana

Naquela mesma noite, após a leitura das cartas, Helena tomou a decisão.
— Nós vamos até a cabana.

Mateus protestou, Lucas tentou disfarçar o medo com piadas, Gabriel apoiou em silêncio. Mas, no fundo, todos sabiam que não havia outra escolha.

Se queriam respostas, teriam que enfrentar o lugar proibido.

E, talvez, encarar o mesmo mistério que havia engolido Clara.

O BOSQUE

Preparativos para a jornada

No dia seguinte, Helena acordou decidida. Ela não suportava mais ver a mãe chorando todas as noites e o pai em silêncio, olhando para o nada. A ausência de Clara era um buraco impossível de ignorar.

— Se os adultos não vão fazer nada, nós vamos — disse ela, reunindo os amigos na garagem de casa.

Mateus trouxe lanternas, cordas e até uma pequena câmera que usava em suas explorações urbanas. Gabriel apareceu com uma mochila cheia de recortes de jornais antigos e um caderno de anotações. Lucas, como sempre, tentou aliviar a tensão levando alguns lanches e dizendo que “ninguém investiga mistérios de estômago vazio”.

— Vocês têm noção do perigo? — questionou Mateus, ajeitando os óculos. — Estamos lidando com algo que envolve desaparecimentos antigos. Talvez não seja seguro.
— Seguro é ficar sem respostas enquanto minha irmã pode estar sofrendo em algum lugar? — rebateu Helena, firme.

O grupo concordou em se encontrar na saída da cidade, ao entardecer.

As histórias esquecidas

Enquanto se preparava, Gabriel revisou os jornais de 1992. Uma manchete chamava a atenção:

“Três crianças somem sem deixar vestígios. Comunidade chora e exige respostas.”

Mas o artigo era estranho. Tinha poucas informações, como se tivesse sido censurado. Havia apenas nomes iniciais: “M. S.”, “C. A.” e “J. P.”. Nenhuma foto, nenhuma entrevista com famílias. Apenas uma nota fria e breve.

Mais adiante, em um jornal do mesmo ano, havia uma outra notícia, ainda mais perturbadora:

“Cabana do bosque interditada. Autoridades pedem que moradores evitem a área.”

E, depois disso, silêncio absoluto. Nenhuma menção nos anos seguintes. Era como se todo o assunto tivesse sido enterrado de propósito.

Gabriel sentiu o coração disparar. Seria possível que Clara tivesse seguido o mesmo destino daquelas três crianças?

O entardecer no bosque

NOITE NO BOSQUE

Quando o sol começou a se pôr atrás das montanhas, os amigos se encontraram. O céu ganhou tons alaranjados e o ar fresco trouxe arrepios que não eram apenas do vento.

O bosque ficava a cerca de dois quilômetros da cidade, em uma área onde a vegetação era mais densa. As árvores altas formavam uma muralha natural, e a entrada parecia um portão para outro mundo.

— Última chance de desistir — disse Mateus, tentando esconder a própria ansiedade.
— Já estamos aqui — respondeu Helena. — Vamos até o fim.

Com lanternas acesas e mochilas nas costas, eles cruzaram a linha de árvores.

A atmosfera pesada

Logo ao entrar, perceberam que o bosque não era como os outros. O ar parecia mais frio, mesmo sendo verão. O silêncio era profundo, quase sufocante. Nem pássaros cantavam, nem insetos zumbiam. Era como se a vida tivesse abandonado aquele lugar.

Lucas, tentando manter o humor, sussurrou:
— Acho que até as formigas têm medo daqui.

Mas ninguém riu.

De repente, Helena sentiu como se estivesse sendo observada. Várias vezes olhou para trás, mas não havia nada além da escuridão crescente entre as árvores.

Sinais estranhos

Após meia hora de caminhada, chegaram a uma clareira. No centro dela havia pedras dispostas em círculo, cobertas de musgo. Gabriel, intrigado, se aproximou.

— Isso parece um marco ritualístico — disse ele. — Meu avô já falou de círculos de pedras usados para cerimônias antigas.

Helena tocou uma das pedras e sentiu um arrepio subir pela espinha. Era como se uma energia invisível vibrasse ali.

Mateus filmava tudo com sua câmera. Quando revisou rapidamente as gravações, notou algo assustador: nas imagens, havia vultos brancos se movendo ao redor deles, como se fossem sombras de outra dimensão.

— Isso não pode ser real… — murmurou ele, guardando a câmera sem contar nada aos outros.

A primeira menção à cabana

Enquanto exploravam a clareira, Gabriel encontrou uma tábua de madeira caída no chão, meio enterrada na terra úmida. Ao desenterrá-la, percebeu que era uma parte de uma placa antiga. As letras estavam quase apagadas, mas ainda era possível ler:

“Propriedade Interditada — 1992”

O silêncio tomou conta do grupo. Helena apertou os punhos.
— É isso. Estamos perto da cabana.

Ecos do passado

De repente, um som ecoou entre as árvores. Era como uma risada infantil, distante, quase como um sussurro trazido pelo vento. Todos gelaram.

— Digam que ouviram isso também… — sussurrou Lucas, pálido.
— Eu ouvi… — respondeu Helena, com a voz firme, mas assustada. — Era a Clara.

Gabriel consultou seu relógio. Eram exatamente 20h07. O mesmo horário marcado para a abertura das cartas.

Coincidência? Nenhum deles acreditava mais em coincidências.

encontro com a cabana

CABANA ANTIGA NO FUNDO DO BOSQUE

Após mais alguns minutos de caminhada, finalmente a viram. A cabana estava escondida entre árvores retorcidas, como se a própria floresta tivesse crescido para protegê-la dos olhares.

A madeira estava escura, apodrecida pelo tempo. As janelas estavam quebradas, e o telhado, coberto de folhas secas, parecia prestes a desabar. Mas havia algo nela que não podia ser explicado.

Era como se, apesar de abandonada, a cabana estivesse viva.

Um vento forte soprou, balançando as portas enferrujadas e produzindo um som metálico que lembrava um lamento.

— É aqui… — murmurou Helena, com lágrimas nos olhos. — Eu sei que a Clara passou por aqui.

Os amigos se entreolharam. O medo era quase insuportável, mas nenhum deles pensava em recuar.

Eles haviam chegado ao coração do mistério.

A entrada proibida

Os cinco amigos ficaram diante da cabana, parados por alguns segundos que pareceram eternos. A madeira rangia com o vento, e cada estalo fazia seus corações acelerarem. Helena deu o primeiro passo, empurrando a porta que cedeu com um ruído agudo.

O interior estava coberto de poeira. As tábuas do chão pareciam frágeis, e uma teia de aranha se estendia entre as vigas do teto. O ar era pesado, com um cheiro de madeira podre misturado a algo metálico, quase como ferrugem.

Mateus acendeu uma lanterna mais potente e iluminou os cantos.
— Parece que ninguém entra aqui há décadas…

Mas Gabriel discordou.
— Não, olha só — disse, apontando para pegadas no chão empoeirado. — Alguém esteve aqui recentemente.

O silêncio que se seguiu foi ainda mais assustador do que qualquer som.

Objetos que não deveriam existir

Explorando o lugar, encontraram móveis quebrados, um fogão antigo e prateleiras cheias de frascos vazios. Mas, em uma mesa no canto, havia algo que destoava de tudo aquilo: um relógio digital moderno, ainda funcionando.

— Isso não faz sentido — murmurou Mateus, pegando o objeto com cuidado. — Esse modelo só foi lançado no ano passado. Como ele veio parar aqui?

Helena sentiu um arrepio.
— Talvez… ele não tenha vindo daqui. Talvez venha do futuro.

As palavras pairaram no ar, pesadas.

FORA DE EPOCA

As marcas de 1992

Lucas, que andava inquieto, chamou a atenção para uma parede lateral. Gravadas na madeira, com letras tremidas, estavam três iniciais:

M. S. — C. A. — J. P.

Gabriel quase deixou a lanterna cair.
— Esses são os nomes das crianças desaparecidas em 1992!

Helena passou a mão sobre as letras. A madeira estava marcada como se tivesse sido arranhada com desespero. Era uma mensagem, um pedido de socorro deixado décadas atrás.

— Eles estiveram aqui… — disse ela, a voz embargada.

O som inexplicável

De repente, um barulho ecoou pelo espaço. Não era vento, não era madeira estalando. Era o som de passos correndo pelo andar de cima.

— Não pode ser… essa cabana só tem um andar! — exclamou Mateus.

Mas os passos continuavam, rápidos, como se alguém — ou algo — estivesse se movendo logo acima de suas cabeças.

Lucas, pálido, murmurou:
— Eu tô começando a achar que minha piada sobre formigas era bem mais segura que isso…

O desvio no tempo

Na parte de trás da cabana, encontraram uma porta pequena, quase escondida por tábuas soltas. Helena empurrou com força, revelando uma espécie de porão.

Ao descerem, perceberam que o ambiente era diferente do resto da cabana. O ar vibrava, como se estivesse carregado de energia. Um zumbido baixo, quase inaudível, fazia o chão tremer.

No centro do porão havia uma rachadura no espaço — um ponto onde a realidade parecia distorcida. As paredes se curvavam ao redor daquele ponto, e uma luz azulada pulsava, como um coração vivo.

Mateus arregalou os olhos.
— Isso… isso não é possível. É uma anomalia temporal. Um desvio no tecido do tempo.

Helena se aproximou, hipnotizada. Por um instante, viu algo do outro lado da fenda: prédios altos, ruas iluminadas, veículos flutuando no ar.


2088.

— É lá que a Clara está… — sussurrou, sem perceber que falava em voz alta.

Na parte de trás da cabana, encontraram uma porta pequena, quase escondida por tábuas soltas. Helena empurrou com força, revelando uma espécie de porão.

Ao descerem, perceberam que o ambiente era diferente do resto da cabana. O ar vibrava, como se estivesse carregado de energia. Um zumbido baixo, quase inaudível, fazia o chão tremer.

No centro do porão havia uma rachadura no espaço — um ponto onde a realidade parecia distorcida. As paredes se curvavam ao redor daquele ponto, e uma luz azulada pulsava, como um coração vivo.

Mateus arregalou os olhos.
— Isso… isso não é possível. É uma anomalia temporal. Um desvio no tecido do tempo.

Helena se aproximou, hipnotizada. Por um instante, viu algo do outro lado da fenda: prédios altos, ruas iluminadas, veículos flutuando no ar.


2088.

— É lá que a Clara está… — sussurrou, sem perceber que falava em voz alta.

PORTAL TEMPORAL

As vozes de 1992

Antes que conseguissem reagir, o ambiente ficou gelado. Vozes infantis ecoaram pelo porão, como sussurros vindos da própria rachadura.

“Não passem… não voltem…”

As vozes eram frágeis, cheias de dor. Gabriel sentiu lágrimas escorrerem sem perceber.
— São eles… as crianças desaparecidas. Eles estão presos entre os tempos.

Helena, desesperada, caiu de joelhos.
— Então a Clara também vai ficar presa?

A decisão

Enquanto as lanternas piscavam, como se a energia do lugar interferisse, Helena se levantou, determinada.
— Se ela está lá, eu vou buscá-la.

Mateus segurou seu braço.
— Você não entende! Isso pode ser irreversível. O tempo é instável. Podemos nunca voltar!

Mas Helena não recuou.
— Eu não vou abandonar minha irmã.

Lucas e Gabriel trocaram olhares. Nenhum deles queria atravessar, mas também não deixariam Helena sozinha.

— Então vamos juntos — disse Lucas, com um sorriso forçado. — Pelo menos, se ficarmos presos, a gente não vai se entediar.

Mateus suspirou, derrotado.
— Vocês são loucos. Mas se for para proteger vocês, eu vou também.

O passo decisivo

Todos ficaram diante da fenda temporal, que pulsava cada vez mais forte. O zumbido se intensificava, como se o portal respondesse à presença deles.

Helena deu um passo à frente, sentindo o ar vibrar contra sua pele.
— Clara, eu estou indo te buscar…

E, antes que pudessem pensar duas vezes, atravessaram a rachadura.

O mundo ao redor se dissolveu em luz e sombra. O passado, o presente e o futuro se misturaram em um turbilhão sem forma.

A jornada deles tinha acabado de começar.

Continua...

FAQ

1. O que é o mistério da cabana abandonada em Serra do Luar?

O mistério da cabana abandonada envolve desaparecimentos de crianças desde 1992 e, em 2025, o sumiço da jovem Clara Martins. A cabana é cercada por lendas e proibida para os moradores, pois guarda um segredo ligado a um desvio temporal.

Os protagonistas são cinco amigos: Helena, Mateus, Lucas, Gabriel e Clara. Além deles, pais, vizinhos e autoridades da pequena cidade de Serra do Luar participam, revelando segredos escondidos por gerações.

As cartas funcionam como enigmas que só podem ser abertas ao mesmo tempo e por pessoas diferentes. Elas revelam pistas sobre o desaparecimento de Clara e o segredo da cabana.

Ambos os casos estão conectados pelo mesmo fenômeno: a cabana funciona como um portal temporal, capaz de transportar crianças para outros períodos, incluindo o ano de 2088.

O enredo mistura suspense, mistério e ficção científica, explorando segredos de uma pequena cidade, desaparecimentos não solucionados, viagens no tempo e o vínculo emocional de uma irmã que luta para resgatar sua família.

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