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Mistério dos Vampiros da Polônia: Túmulos, Medo e Rituais de Proteção

Durante séculos, o folclore polonês alimentou histórias de mortos que poderiam voltar à vida para atormentar os vivos. Chamados de vjesci, upiór ou strzyga, esses supostos vampiros eram temidos e levavam comunidades inteiras a criar rituais macabros de sepultamento para garantir que jamais retornassem do túmulo.

Quem eram os vampiros da Polônia?

Os “marcados” muitas vezes eram pessoas diferentes das demais: indivíduos com sinais físicos incomuns, comportamento fora do esperado ou até mulheres que morriam no parto. O medo popular acreditava que esses mortos tinham o poder de reviver para sugar a energia dos vivos ou espalhar doenças.

Por que tanto medo?

Em tempos de epidemias, guerras e mortes inexplicáveis, a ciência não tinha respostas. Quando um cadáver apresentava sangue fresco na boca, unhas compridas ou pele avermelhada, a explicação mais aceita era sobrenatural. Assim, a figura do vampiro ganhou força como justificativa para tragédias coletivas.

Os rituais de sepultamento anti-vampíricos

Para impedir que os mortos voltassem, comunidades desenvolveram métodos impressionantes — e assustadores: Foice no pescoço: posicionada para decapitar o morto caso se levantasse.

Cadeados e correntes nos pés: símbolo de prisão eterna.

Cabeça cortada e colocada entre as pernas: garantia de que não voltaria a morder ninguém.

Pedras sobre o corpo ou no peito: peso extra para impedir qualquer movimento.

Enterros de face para baixo: acreditava-se que, se tentasse cavar, iria em direção ao fundo da terra.

Objetos no túmulo, como sementes ou moedas, usados para distrair o morto-vivo.

Descobertas que revelam o passado

A “mulher com a foice”

Em Pien, no século XVII, arqueólogos encontraram o corpo de uma jovem enterrada com uma foice sobre o pescoço e um cadeado preso ao pé. O posicionamento era claro: se ela tentasse se mover, seria imediatamente decapitada. Apesar de temida, a mulher tinha sinais de status social elevado, como roupas de qualidade.

Crianças vistas como ameaça

Em Chełm, no século XIII, foram encontrados túmulos infantis tratados como possíveis “revividos”. Um dos corpos estava de face para baixo, com pedras sobre o tórax e a cabeça separada do corpo. Esse tipo de ritual mostra que até crianças podiam ser vistas como potenciais vampiros.

Outros enterros bizarros

Em diferentes regiões da Polônia, arqueólogos localizaram sepulturas invertidas, corpos com cortes, pedras sobre crânios e estacas atravessando esqueletos — todos para impedir o retorno dos mortos.

Entre superstição e história

Essas descobertas revelam muito mais do que simples medo de vampiros. Elas mostram como sociedades antigas usavam rituais simbólicos para lidar com o que não entendiam. O que hoje chamamos de lenda era, para eles, uma forma de proteção coletiva contra o desconhecido.

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